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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

AS MULHERES QUE NUNCA TIVE PELO MEU MELHOR AMIGO: Suellen


Suellen é a caçula da sua família, nasceu quando ninguém mais imaginava gritos e choro de criança na casa. Obteve da vida toda generosidade que ela pode dar. Tinha todos os brinquedos da moda além dos infinitos assessórios pra brincar de casinha. Tudo que queria tinha e não era preciso dividir com ninguém. Mimada e tratada como pedra preciosa, sempre se achou o centro do mundo. Todos deviam servi-la como haviam feito pais, irmãos e parentes. Achava que o mundo era sua casa e ela era a caçula do mundo. Suellen é delicada, parece àquelas mocinhas do século XIX, tem uma pele branca, cabelos pretos e olhos castanhos médio. Essa delicadeza em feição e modos são seus elementos de sedução, qualquer um ao vê-la, imediatamente frágil, logo se aproxima pra auxiliá-la. Foi assim que meu amigo se chegou, ela carregava compras do mercado, ele pediu pra ajudá-la, trocaram algumas palavras e logo procuraram afinidades. Não demorou muito pra ela virar dona do seu universo, conhecendo suas principais amizades, gostos preferidos, lugares prediletos, mexido na sua agenda e pedido pra confessar todos os seus segredos. Aos poucos Suellen isolou meu amigo de suas convivências, nada de botecos, visitas alongadas na casa de amigos, nada de novidades. E as mulheres? Nem pensar, ele se via obrigado a sempre olhar para o chão. Havia ficado sem solo. Um homem hidropônico, só era nutrido pelos seus sentimentos, em gotas controladas. Suellen não sabia cuidar, vigiava, controlava e determinava. Seu desejo de tê-lo sempre, sufocava-o, construindo um clima de permanente desconfiança. Ele, por tudo que já falamos em outras passagens, jamais conseguiria colocá-la no centro do seu mundo. Fez isso nos primeiros encontros, mas como flerte, nunca meu amigo egocêntrico suportaria alguém no centro fora ele mesmo. Suellen é um tipo de Felícia, não se importa com os outros, ela transforma todos em brinquedos para sua alegria. Passado uns dois meses, meu amigo parecia um gato infeliz, judiado por uma criança chata. Suellen era ciumenta, mas esse não era seu maior defeito, afinal como diz Paula Nei: “O ciúme tem o seu cabimento: é a pimenta do amor." Mas no caso de Suellen não se trata disso, é algo mais doentio, uma necessidade compulsiva de ser umbigo, única, uma síndrome de debutante. Suellen um dia adoeceu e quase ninguém foi visitá-la e, meu amigo parou no primeiro boteco que encontrou... ( A. Z. Silva)

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